A novela Velho Chico, de Benedito Ruy Barbosa, além de tantas problemáticas referentes ao Rio São Francisco e a vida do sertanejo trás de volta a imagem de uma figura que marcou época e não deixou saudade alguma na vida nordestina. O latifundiário Afrânio, divinamente interpretado por Antônio Fagundes, veste a arrogância e a prepotência de um homem que herdou do pai uma fortuna e o título de Coronel Saruê.
A alcunha é uma referência a um animal da espécie dos Gambás que, além de malcheiroso é malandro, covarde, arteiro, autoritário é muito feroz. Tudo leva a crer que o autor de Velho Chico comparou as artimanhas do gambá à velha prática coronelista de tomar terras alheias na força bruta. De acordo com o texto, o pai de Afrânio acumulou fama e riqueza por meio da grilagem de terras.
De posse do título, o herdeiro faz jus a velha fama mantendo a tradição coronelista e o domínio por meio do medo. Apesar de o coronelismo ter sucumbido à evolução dos tempos, os resquícios da velha prática continuam presentes. Junto às novas tecnologias o modo de operar dos coronéis não acabou... também se modernizou.
Na novela, o Coronel Saruê tem um genro deputado, elegeu o prefeito de Grotas do São Francisco (onde a história se passa) e domina quase todos os vereadores na câmara. Com tanta força, o coronel mantem tudo aos seus pés e reprime toda tentativa de evolução para a melhoria da qualidade de vida no município.
Depois de promover a degradação de parte do Rio São Francisco no trecho que banha a cidade, o coronel também impede a construção do saneamento básico da localidade.
Por falar em saneamento básico, tudo é muito semelhante a um município potiguar que já teve a oportunidade de dispor de todo o centro urbano saneado, de ter uma creche modelo atendendo 200 crianças com educação e alimentação de boa qualidade, de ter um projeto de ecoturismo revolucionário para a região, posto de saúde, praças bonitas e acabadas.
Texto do Jornalista Wendell Câmara / fotos de Jandaíra no ano de 2012 na administração do PMDB
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