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sexta-feira, 24 de abril de 2015

PMDB brinca com o Brasil.


A crise do segundo mandato de Dilma deu ao PMDB uma rara sensação de utilidade pública. O PMDB agora está em todos os lugares. Toda tentativa de destruir o PMDB o coloca mais próximo do controle. Até quem o despreza convoca o PMDB. Um estômago, eis a imagem que melhor retrata o PMDB. 

Um estômago de terno e gravata, devorando cada pedaço do poder à sua volta com a flatulência de um organismo hipertrofiado.

Enquanto o PSDB decide se propõe o impeachment ou compra uma bicicleta, o PMDB faz oposição ao governo. Enquanto o PT puxa o tapete de Joaquim Levy, o PMDB estende a mão ao ministro da Fazenda. 

O PMDB assina o projeto que reduz a 20 o número de ministérios e indica ministros para as pastas cuja extinção defende. O PMDB frequenta a lista suja da Lava Jato e, estalando de pureza moral, controla a CPI da Petrobras. O PMDB faz e o PMDB desfaz.

Sem rivais capazes de detê-lo, o PMDB foi tomado de profundo tédio patriótico. O PMDB virou um esquizopartido. Ou, por outra, o PMDB tornou-se uma espécie de clínica terapêutica para tratar as loucuras dos peemedebistas. De repente, o PMDB passou a conspirar contra o PMDB.

Renan e Cunha açulam o condomínio governista contra Dilma. Temer rearticula a unidade da base congressual. Na Câmara, Cunha desengaveta o projeto da terceirização. No Senado, Renan promete reengavetar. Jucá triplica a verba destinada aos partidos. Dilma sanciona. E Renan, unha e cutícula com Jucá, desanca Dilma por não ter vetado o descalabro.

O PMDB autoflagela-se como um Napoleão guerreando contra si mesmo numa Waterloo imaginária. O PMDB tornou-se a mosca de sua própria sopa. Não demora e o PMDB sairá em passeata pelas ruas. No pelotão de frente, Renan, Cunha, Jucá e Temer marcharão atrás de uma grande faixa. Nela, estará escrito: “Será que nós temos que fazer tudo nessa joça?” O Brasil jamais será o mesmo depois desta época.

JOSIAS DE SOUZA

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