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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Robinson Faria não tem escolha.

O futuro governo do Rio Grande do Norte enfrenta dias de muita preocupação e estresse. E quase toda a preocupação se resume ao fato de que as contas financeiras não fecham. O Estado gasta mais do que arrecada. Se fosse uma empresa, estaria quebrada, falida, com os cobradores requerendo concordata.
Um das principais equações a serem solucionadas é a salarial. O Estado não tem dinheiro suficiente para pagar ativos, inativos e pensionistas. O déficit na Previdência Própria, que era de 8 milhões de reais em 2011 já chega a 68 milhões de reais mensais. Esta é a diferença entre o que a Previdência arrecada de contribuições e o que tem de pagar. Há dois fundos, um financeiro que é destinado ao pagamento dos que entraram no serviço público até 2005 e outro, previdenciário, que paga os que entraram após 2005. E ambos não são suficientes para pagar os inativos e pensionistas, o que obriga o Estado a usar dinheiro do Fundo de Participação, todo mês, para pagar proventos e pensões.
As dificuldades financeiras são graves e não há perspectiva de melhorias a curto prazo. A capacidade de investimento do Estado, que deveria ser de 20 por cento, é de apenas 1,5 por cento.
Por isso falta dinheiro para tudo: saúde, educação, segurança, estradas, modernização dos serviços prestados ao cidadão.
Tudo isso somado, exige que o futuro governo comece a pensar em medidas antipáticas. Se não tomar providências e adote soluções que vão desagradar a muitos ou a todos, o futuro governador, Robinson Faria, corre sério risco de repetir a atual governadora, que chegou no embalo de muitas promessas e sonhos e naufragou em sua administração, já a partir do final do primeiro ano do governo.
Para tomar medidas antipáticas, o governo vai precisar de muita articulação. Principalmente com outros órgãos e poderes. Com o Judiciário, com o Legislativo, com o Ministério Público, com o Tribunal de Contas. E, principalmente, com os principais segmentos do funcionalismo público.
E vai precisar fazer uma reforma administrativa, ou  vários atos que possam garantir o melhor funcionamento da máquina pública para poder gastar melhor e obter melhores resultados. E pela frente ainda tem um desafio: remunerar melhor os ocupantes de cargos comissionados que, ao contrário do que muitos pensam, não são culpados pelos gastos com pessoal. Os comissionados representam uma parcela muito pequena. Com os salários atuais, será impossível atrair para o serviço público gente com competência e conhecimento e com condições de contribuir para o sucesso de uma gestão.
Gastar melhor, atuar melhor, contratar melhor e arrecadar mais. Eis a equação que o futuro governo precisa resolver para não começar e terminar do jeito do atual. Início de muita expectativa e final de muita frustração. Vai ser preciso ter muita coragem para fazer as melhores escolhas. Nem que seja para desagradar todos.

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