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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Inimigos formaram consórcio para matar F. Gomes


Morte de F. Gomes é elucidada
Um consórcio entre pessoas denunciadas pelo jornalista pagou R$ 8 mil para calar de vez sua voz
Paulo de Sousa

Um consórcio foi formado para planejar e executar o assassinato do jornalista e radialista Francisco Gomes de Medeiros, o F.Gomes, em Caicó, que custou aos mandantes do crime R$ 8 mil. É o que aponta as investigações em torno do crime, reveladas pela delegada Sheila Freitas, da Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deicor), em entrevista coletiva dada ontem no Fórum de Caicó. Segundo ela, o comerciante Lailson Lopes, o "Gordo da Rodoviária", o pastor Gilson Neudo Soares do Amaral, e o tenente-coronel PM Marcos Antônio de Jesus Moreira, encomendaram o crime ao advogado Rivaldo Dantas de Farias, que articulou o homicídio praticado pelo pistoleiro João Francisco dos Santos, o "Dão". O soldado PM Evandro Medeiros teria apenas ficado encarregado de esconder a arma usada no assassinato. Para a delegada, não houve uma motivação particularizada por parte dos mandantes, mas "eles não gostavam de F. Gomes por causa das denúncias que ele fazia contra cada um na rádio". Todos os envolvidos estão presos.


F. Gomes foi morto no dia 18 de outubro de 2010, na porta de casa, em Caicó. Foto: rquivo DN/D.A Press
O consórcio apontado pelas investigações foi formado por Rivaldo Dantas, Marcos Moreira, Lailson Lopes e Gilson Neudo. Segundo Sheila Freitas, cada um deles foi alvo de denúncias feitas pelo radialista em seu programa pela Rádio Caicó, onde trabalhava. Marcos Moreira, que à época do crime ainda era major e trabalhava como diretor da Penitenciária da cidade, teve sua administração frequentemente questionada pela vítima, chegando a ser exonerado do cargo. Lailson Lopes e Gilson eram sócios na loja de celulares existente na rodoviária do município. Denúncias de F. Gomes davam conta que o estabelecimento servia de fachada para atividades criminosas praticadas pelo "Gordo". As acusações geraram prejuízos ao comércio e o pastor chegou a processar a rádio. Rivaldo também era frequentemente citado pelo jornalista em seu programa, inclusive anunciando as vezes que o advogado foi preso.

A raiva que eles nutriam pelo jornalista por causa dessas denúncias os levou a se reunirem e planejar a morte dele. A delegada afirma que o articulador de todo o crime foi o advogado, único elo de ligação entre o oficial da PM, Lailson Lopes e o pastor. Ele também era o único que conhecia João Francisco, autor confesso do homicídio, bem como apenas ele tinha contato com o soldado que esconderia a arma.

Ainda conforme Sheila Freitas, o valor arrecadado pelo consórcio para pagar "Dão" pelo assassinato foi de R$ 8 mil. Desses, R$ 3 mil foram dados pelo pastor Gilson, dinheiro retirado da Igreja Batista da qual era líder, e serviria para que o pistoleiro fugisse da cidade após o crime. O restante seria pago pelo oficial PM em cinco cheques, cada um no valor de R$ 1 mil. Esse dinheiro foi conseguido pelo então major após ele ter vendido um triciclo. Os cheques foram entregues a Rivaldo Dantas, que os depositou na conta de um irmão.

Veneno

A delegada revela também que, a princípio, havia outro plano arquitetado por Gilson Neudo para se vingar do jornalista. "Ele queria atingir a todos da rádio em que ele trabalhava. A equipe da rádio, todos os dias, tomava um café da manhã que era enviado por uma padaria. O plano inicial era de envenenar bolos, pães e sucos e levá-los para a emissora, afirmando que os produtos tinham sido mandados pela padaria. Mas o restante do grupo discordou da ideia". 

fonte: diario de natal

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