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sábado, 5 de maio de 2012

Greve e conselho político na imprensa nacional


A sexta-feira foi de queda-de-braço no twitter, com a disputa de governistas e anti-governistas, para saber quem chegava primeiro ao topo do mundo.
Hoje a queda de braço está na imprensa nacional.
Enquanto a Folha Online mostra a crise nos hospitais do Rio Grande do Norte, O Globo se esforça para mostrar que está tudo bem apesar dos pesares.
Eis as duas reportagens:

FOLHA
GREVE COMPROMETE SERVIÇOS EM HOSPITAIS PÚBLICOS DE NATAL
Renata Moura
Colaboração para a Folha, de Natal
Uma greve decretada pelos servidores da saúde do Rio Grande do Norte, há 32 dias, e pelos médicos, desde o último dia 29, afeta vários hospitais de Natal, como o Walfredo Gurgel –o maior de urgência e emergência do Estado. Apenas 30% dos profissionais estão trabalhando.
Um conjunto de fatores, como falta de medicamentos, de leitos e atrasos em pagamentos às cooperativas médicas, desencadeou uma crise não só nessa unidade, mas em vários hospitais públicos do Estado.
Além do Walfredo Gurgel, foram afetados ainda o Santa Catarina, o Giselda Trigueiro (referência em doenças infecto contagiosas) e o Maria Alice Fernandes (pediatria).
Os servidores reivindicam melhorias salariais e, entre outros pontos, a convocação de 2.000 concursados.
Em razão da paralisação, pacientes que recorrem ao serviço de saúde pública do Estado encontram filas de espera, triagem para cirurgias e dificuldade até para trocar curativos, como ocorre no Walfredo Gurgel.
Nessa unidade, dos 1.500 concursados –incluindo médicos– pelo menos 1/3 aderiu ao movimento, segundo a diretora do Sindicato dos Servidores em Saúde do RN (Sindsaúde), Sônia Godeiro.
Os 280 leitos regulares desse hospital são insuficientes para atender à demanda. Sem vagas disponíveis, homens e mulheres se enfileiram em macas pelos corredores.
Atualmente, 98 pacientes estão nessa situação. Metade aguarda vaga em outros hospitais, para tratamento na área de ortopedia. O restante da fila é formado por casos em áreas como cardiologia e neurologia. Há pacientes em estado gravíssimo aguardando vaga em UTI.
Segundo a assessoria de imprensa do Walfredo Gurgel, os pacientes que esperam cirurgias ortopédicas aguardam transferência para hospitais contratados pelo município para passar pelo procedimento.
OUTRO LADO
Em relação à greve dos servidores da área de saúde, o governo do Estado disse que vem discutindo com os representantes da categoria e que já garantiu o pagamento parcelado dos plantões indenizatórios, que estavam atrasados desde 2010.
Quanto à reposição salarial, a área econômica do governo está avaliando a situação do Estado, para depois oferecer uma contraproposta.
Quanto à falta de medicamentos e de produtos básicos, a Secretaria Estadual de Saúde Pública disse, por meio de nota, que, com o Walfredo Gurgel, está negociando com os fornecedores para que o abastecimento seja normalizado o mais rápido possível.
“A secretaria está em negociação com o Hospital Universitário Onofre Lopes para a liberação de alguns leitos do SUS. E toda a rede hospitalar do Estado está sendo acionada como retaguarda”, informou.
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O GLOBO
CONTRA CRISE, GOVERNO DO RN CRIA CONSELHO POLÍTICO EM BRASÍLIA
Paulo Celso Pereira
paulo.celso@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA – Em meio a uma crise institucional e política, com problemas financeiros e servidores em greve, o governo do Rio Grande do Norte montou em Brasília, a mais de 2.000 quilômetros de Natal, uma espécie de Conselho Político para ajudar a governadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Entre os conselheiros estão o ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho (PMDB), o presidente do DEM e líder no Senado, José Agripino Maia, e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Como os três passam a semana em Brasília, as reuniões foram transferidas para a capital federal.
- O governo herdou uma situação financeira complicada, cometeu equívocos de comunicação e alguns equívocos administrativos pontuais. Esse Conselho Político está procurando ajudá-la no dia a dia para resolver as dificuldades – explica Agripino Maia.
Duas das secretarias mais importantes do estado, Justiça e Turismo, estão vagas, e vários candidatos sondados já se recusaram a ocupar os cargos. De acordo com pesquisas recentes, a reprovação à governadora Rosalba Ciarlini (DEM) atinge 60%.
Nesta semana, o secretário de Saúde, Domício Arruda, foi afastado do cargo após se negar a prestar esclarecimentos à imprensa sobre a situação problemática de um hospital e sobre a greve de servidores do setor.
A crise no Rio Grande do Norte foi parar nesta sexta-feira nas redes sociais. Críticos do governo emplacaram pela manhã como líder no Twitter mundial a citação #ForaGovernadoraRosalba. Foi uma reação aos apoiadores da governadora que haviam colocado minutos antes o texto #AcreditoNoRnComRosalba como número um do Twitter brasileiro.
Eleita no primeiro turno, Rosalba assumiu o governo no ano passado já sabendo da dificuldade que teria para cumprir os acordos financeiros que a gestão anterior havia firmado. Planos de carreira de servidores e repasses para outros órgãos engessaram o orçamento da governadora.
Rosalba cortou gratificações que representavam quase metade do salário de alguns servidores. A reclamação foi geral. A dificuldade financeira somou-se à falta de articulação política, e alguns secretários pediram o chapéu.
A reunião do Conselho Político da última quinta-feira sacramentou a necessidade de uma reforma do secretariado, que deve ocorrer nas próximas semanas. Duas demissões já estão praticamente sacramentadas, no Planejamento e na Casa Civil. Esta última deverá ser entregue ao marido da governadora, Carlos Augusto Rosado, tido como a eminência parda do governo de Rosalba.
- A governadora vai superar a situação por meio de mudanças na equipe. Ela pegou uma herança difícil, mas tem condições de dar uma virada – pondera Garibaldi Alves.
Nas últimas semanas, surgiu novo temor: a seca. Assim como em todos os estados do Nordeste, a expectativa é que a estiagem de agora seja a pior em muitos anos. Os políticos do estado já preparam uma corrida ao caixa do governo federal para tentar reduzir o impacto da estiagem:
- Tem vários projetos importantes para o estado que podemos viabilizar em Brasília. Vamos tentar ajudar a levar esses recursos. Esta é uma fase em que se precisa ter paciência – pede o líder do PMDB, Henrique Alves.
Nesse cenário dramático, Rosalba tem um alento. A rejeição a seu governo, que beira 60%, não é nada comparada à da prefeita da capital, Micarla de Souza (PV). Também eleita no primeiro turno, em 2008, ela soma rejeição de 90% do eleitorado e não tem chance de ser reeleita.


FONTE: THAISA GALVÃO

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