Páginas

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Dólar a R$ 1,30 destruiria indústria nacional, diz Mantega


Sem adoção de medidas, câmbio estaria quase US$ 1 para R$ 1, afirmou.
No ano, moeda acumula valorização de 2,34%.

Fabíola GleniaDo G1, em São Paulo
39 comentários
Mantega anuncia novas medidas de desoneração (Foto: Darlan Alvarenga/G1)O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em foto
de arquivo (Foto: Darlan Alvarenga/G1)
Se a cotação do dólar chegasse ao patamar de R$ 1,30 ou R$ 1,40, a indústria brasileira estaria “destruída”. Esta foi a avaliação feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante o seminário “Brasil 2020 – Os Rumos da Economia”, ocorrido nesta sexta-feira (4), em São Paulo.
“Procuramos discutir esta questão da manipulação cambial nos organismos internacionais, alertanto para deixar o câmbio flutuar. Como não fomos ouvidos, começamos a tomar medidas de intervenção. Se não estivéssemos fazendo isto, o câmbio estaria quase US$ 1 para R$ 1”, falou. No ano, até quinta-feira (3), o dólar acumulava valorização de 2,34%.
Crescimento
O ministro da Fazenda apontou que, para aumentar o ritmo da economia, é preciso aumentar o volume de crédito, baixar a taxa de juros e o spread bancário, mas, disse ele, "os bancos são um pouco resistentes".
"Se houve aumento da inadimplência, os bancos dão ordem para que liberem menos crédito, para que sejam mais seletivos, mas aí o crédito não roda e a inadimplência vai aumentar ainda mais. O sistema econômico gira todo integrado. Quando desacelera uma parte, desacelera o todo".
Segundo Mantega, apesar do baixo crescimento em 2011, "a economia brasileira é uma das que mais gera emprego no mundo". "Em 2010 foi o auge da geração de empregos. (...) Este é um desempenho excelente num momento em que outros países estão gerando desemprego. Não é preciso gerar muito mais que isso porque estamos com plena ocupação em vários setores".
Ele também citou o aumento da massa salarial, lembrando que isto implica em aumento da capacidade de consumo da população brasileira. No entanto, segundo Mantega, "o crédito não está crescendo a contento". "Este é um problema para enfrentarmos", afirmou. Para Mantega, a redução da Selic não tem se refletido nas taxas para o consumidor.
A alternativa para acelerar o crescimento da economia e, consequentemente, a produção industrial no Brasil, na opinião do ministro da Fazenda, passa, invariavelmente pela sustentação do mercado interno.
“O mercado interno brasileiro é uma das grandes vantagens que temos em relação a outros países”, comentou.
Poupança
Durante o discurso, o ministro comentou que, "entre as medidas para facilitar a redução do custo financeiro foi a anunciada ontem, com uma pequena alteração na poupança". "Queremos que as taxas continuem caindo. Baixa da inflação, situação fiscal sob controle, desindexação da economia, tudo isso está sendo feito, mas tínhamos um obstáculo que era a regra para a caderneta de poupança", disse.
Pouco antes do início da palestra, Mantega havia dito que a caderneta de poupança segue sendo a melhor alternativa de investimento, com transparência, versatilidade, sem cobrança de Imposto de Renda ou de taxa de administração. "Quem já está na poupança não deve fazer nada, o novo investidor deve continuar investindo".
Bancos públicos
Durante conversa com jornalistas, Mantega afirmou que os bancos públicos vão continuar liberando cada vez mais crédito, a taxas menores. Segundo ele, se os bancos privados não seguirem este movimento, vão perder público. "A concorrência é a melhor solução para reduzir o spread bancário".
Crise
Mantega falou que o cenário de crise mundial afeta principalmente a indústria e que, embora no Brasil se verifique “uma tendência à queda”, não se pode falar em desindustrialização. “O principal setor afetado pela crise é o de manufaturados, por isso se fala em desindustrialização. Isso não está acontecendo no Brasil, embora a indústria esteja sendo afetada por isso.”
O ministro citou a dificuldade que o exportador brasileiro enfrenta ao esbarrar em concorrentes com preços muito mais baixos, muitas vezes, devido a “preços manipulados” e “câmbio manipulado”.


FONTE: G1

Sem comentários:

Enviar um comentário